Preocupado em qualificar as pessoas com deficiência para o mercado de trabalho, além de desenvolver a questão social e educacional, o Centro de Atendimento e Inclusão Social (CAIS) oferta várias oportunidades de emprego desde 1998, onde já incluiu mais de 300 pessoas em 45 empresas. Atualmente, são 56 profissionais que exercem atividades em cinco empresas parceiras. Para melhor atender seu público, o CAIS conta com diversos convênios, entre eles o firmado com a Prefeitura de Contagem, por meio da secretarias municipais de Direito Humanos e Cidadania, de Saúde e de Educação.
“É muito importante para as pessoas com deficiência ter uma instituição que faz um trabalho tão qualificado como o Cais. O Centro é uma referência em Contagem, pois trabalha na inclusão dessas pessoas em várias áreas, como na empregabilidade. Não pensa no emprego só como intermediação de vaga, mas como um direito à cidadania. Vê, de forma ampla, que um trabalho para a pessoa com deficiência pode emancipar o sujeito, para que ele consiga autonomia e ser respeitado”, disse o secretário de Direitos Humanos e Cidadania de Contagem, Marcelo Lino.
No que diz respeito ao emprego, a gerente de Organizações, Ana Regina, explica que a instituição desenvolve projetos para preparar as pessoas com deficiência nos aspectos de habilidades técnicas, específicas e, principalmente, de gestão do próprio trabalho. “Fazemos isso porque temos pessoas com níveis e graus de deficiência diferentes. Temos aqueles que requerem desde um cuidado na alimentação, ou seja, com grau de dependência maior, até aqueles que já são mais independentes. Esses projetos são realizados por meio de atividades funcionais que vão desenvolvendo e preparando o indivíduo para o trabalho”, conta.
Empregabilidade
O CAIS é dividido por várias áreas e programas, como o Núcleo de Educação Profissional (NEPRO), que é responsável pela qualificação de jovens a partir de 14 anos por meio de oficinas de artes plásticas, música, horti-cultura e do Programa Jovem Aprendiz. Atendimentos clínicos e educacionais especializados também são ofertados no CAIS. No Programa Jovem Aprendiz, adolescentes e jovens a partir de 16 anos realizam atividades práticas e teóricas pelo período de 24 meses.
O adolescente Ícaro Nicolas, 16 anos, compartilhou alguns fatores que mudaram após a sua entrada na instituição e no Programa Jovem Aprendiz. “Gosto muito do CAIS. Desde que entrei aqui percebo que interajo com mais facilidade com mais pessoas. Adoro as atividades que oferecem aqui. Estou muito feliz porque logo vou começar a trabalhar. O emprego pra mim significa muito, pois, além de ser sempre muito bom, ainda vou poder ajudar minha família, já que ela tem muita dificuldade financeira”, comemora.
Outra área ofertada pelo Cais é o Núcleo de Inclusão no Trabalho (NIT). Esse núcleo é responsável pelo acompanhamento da inclusão de jovens e adultos nas empresas. Esse acompanhamento, chamado emprego apoiado, é realizado enquanto há necessidade, visando efetivar a inclusão, e tem como objetivo aprimorar o processo de inclusão para ampliar a empregabilidade dos profissionais incluídos. Mediadores fazem a ponte entre o CAIS e as empresas. Eles também têm como função acompanhar toda a empresa e sua organização, para que a empresa veja esse jovem como um sujeito que tem sua singularidade e sua particularidade.
Para a superintendente do CAIS, Cristina Abranches, é importante que o emprego esteja na vida das pessoas desde jovem. “Ver essas pessoas ingressando no mercado de trabalho é ver que está dando certo todo o nosso comprometimento. Não adianta atendermos na área da educação e na clínica, se eles ficam discriminados no trabalho e não têm uma possibilidade de realização profissional. É preciso que eles sejam vistos e tenham a oportunidade de demonstrar toda a sua capacidade, seja ela em qualquer área”, disse.
Para o Emprego Apoiado, o CAIS tem uma equipe de inclusão que acompanha todo o processo: a terapia ocupacional, que faz a análise do trabalho; a psicologia, que faz as escutas das demandas advindas das empresas, do próprio jovem e atua nas relações de trabalho; a equipe conta também com a pedagogia, que faz o acompanhamento do dia a dia desse jovem, para que ele tenha sua autonomia e independência na realização das tarefas e na gestão de seu trabalho.
Os jovens que já estão no mercado de trabalho participam do Grupo de Gestão, com o objetivo de obter feedback dos profissionais empregados. No grupo eles compartilham suas experiências, conquistas e desafios do dia a dia. Toda a equipe do Centro de Atendimento sempre busca atender da melhor forma a união do quarteto que é: família, jovem, empresa e o CAIS.
Para Ana Regina, é importante que haja a divulgação de vagas. “Muitas pessoas não conhecem e sabem dessas oportunidades. O CAIS trabalha sempre buscando um atendimento mais integral. O núcleo de inclusão ao trabalho tem um funcionamento mais independente, pois podemos captar pessoas que não são atendidas na instituição, fazendo com que possamos trabalhar com pessoas que têm outros tipos de deficiência. As empresas nos procuram e iniciamos o trabalho de uma consultoria especializada. Não fazemos só a colocação de pessoas nas empresas, e sim um trabalho de consultoria para buscar a transformação dessa empresa em uma empresa inclusiva”, afirma. Atualmente, as empresas parceiras são: AeC, Drogaria Araújo, Patrus Transportes, VLI e Direcional Engenharia.
Interessadas em fazer parcerias e/ou jovens interessados em participar do CAIS podem entrar em contato pelo telefone: 3393-1988.
Representatividade do Cais
Sejam bebês, crianças, adolescentes ou adultos, ou familiares de pessoas com algum déficit, o CAIS oferece um suporte de forma acolhedora, mostrando a todos que essa é a base de todo o trabalho. O atendimento clínico do CAIS tem como diferencial o trabalho transdisciplinar, que busca respeitar a singularidade, como preconiza a psicanálise, incentivando a criatividade e a autonomia de cada indivíduo atendido.
Há 2 anos e meio no Centro, Juan Soares, 15 anos, explica que o Cais é importante para dar oportunidade para pessoas que têm algum tipo de dificuldade. “Ele também ajuda na área escolar, profissional e pessoal. Participo da fisioterapia, da aula de música, e também aulas de como conseguir um emprego, e a fazer uma entrevista. É bom ter um emprego já nessa idade para adquirir experiência e responsabilidade”, opina o jovem que participa de atividades duas vezes por semana.
“O CAIS me acolheu de uma forma muito boa quando entrei aqui há três anos. Quando tenho alguma dificuldade, eles me incentivam a melhorar, além de incentivar os jovens a trabalhar e a ganhar uma independência. Estou ansioso para começar a trabalhar, apesar de que sei que tenho que controlar isso” conta o adolescente dando uma risada. “O trabalho é bom para termos o próprio dinheiro e responsabilidade”, relata Admiron dos Santos, 15 anos.
Para mãe do garoto Admiron, Claudia Lúcia dos Santos, o Cais foi uma porta muito importante para o filho e toda a família. "Sempre estou acompanhando meu filho. Depois que descobrimos que ele é autista, todos nós da família também passamos a ser autistas para podermos entendê-lo. Muitas vezes não reconhecemos que a pessoa tem autismo, pois não é uma deficiência que podemos identificar de imediato, pois existem vários graus”, disse.
Ainda, de acordo com Claudia, o CAIS abraçou Admiron de uma forma muito bonita, fazendo um trabalho extenso. “O CAIS é minha vida, e aqui faz parte da minha casa. Hoje posso dizer que meu filho saiu da casca, pois antes era totalmente fechado. Hoje, você pode tocar nele e ele vai ver que você não vai fazer nenhum mal. Com esse projeto de Jovem Aprendiz, meu filho concorrerá a uma vaga de emprego. Para quem era totalmente dependente isso é um grande avanço”, frisa.
A transformação do indivíduo por meio do CAIS
Um dos objetivos do Cais é resgatar a cidadania da pessoa com deficiência. Para Ana Regina, “trabalhar é o ápice do exercício da cidadania, pois você só tem a sua autonomia garantia quando você tem a sua sustentabilidade”. Samuel Marcelino Gonçalves, 24 anos, está no CAIS há três anos e é um grande exemplo de transformação realizada pelo Centro e pelo trabalho.
Auxiliar de transporte na Patrus Transporte há 5 anos, o jovem conta sua experiência.“Sempre foi meu sonho trabalhar aqui na Patrus, até pelo motivo do meu pai também trabalhar aqui. Sou muito feliz aqui. Desde que comecei a participar do CAIS, tem sido uma experiência muito boa. Eu tinha um preconceito de pertencer a uma instituição, mas depois que participei, pela primeira vez, do grupo de gestão, mudei totalmente meu pensamento”, conta.
A mediadora do Cais, Karine Olivia Rocha, acompanha os nove trabalhadores da Patrus, apoiados pelo Cais, sendo um deles, o jovem Samuel. “O CAIS abraçou a causa e começamos o atendimento dele aqui. Uma das dificuldades dele é que não tinha autonomia de trajeto. Exemplo disso é que ele só saia de casa para o trabalho e do trabalho para o CAIS. Então ensinamos essa questão de trajeto, e hoje ele já consegue ir a outros lugares sozinho”, explica.
Sobre sua ligação com a instituição, Karina conta que ele visita o CAIS uma vez ao mês para participação do grupo de gestão, que é como uma roda de conversa, onde todos dividem suas experiências. “Com o passar do tempo, o Samuel evoluiu muito, e até mesmo o gestor dele na empresa já fala que ele melhorou. Ele é um jovem muito trabalhador e tem muito para conquistar”, disse.
Com os olhos brilhando, o jovem fala que o CAIS representa tudo para ele. “Falo isso porque ele mudou minha vida. Percebo que melhorei muito em vários aspectos desde que comecei a trabalhar aqui e também de quando comecei a participar do Cais. Se sou essa pessoa hoje é pelo Cais e pelo meu emprego. Meu comportamento, por exemplo, mudou muito. Antes eu ficava muito nervoso facilmente, e hoje consigo ser mais equilibrado quanto a isso”.
No que diz respeito à empregabilidade, Samuel lembra que quando recebeu seu primeiro salário na empresa foi muito gratificante. “É muito importante todos terem um emprego. Tenho muitos amigos aqui e gosto muito de tudo. Cada dia que passa estou mais realizado, pelo apoio que todos me dão, tanto na empresa quanto no CAIS, e pelas oportunidades. Ninguém é perfeito, só Deus, por isso busco dar o meu melhor aqui para ser promovido e ajudar ainda mais minha família”.
O CAIS
O Centro de Atendimento e Inclusão Social é uma organização sem fins econômicos, que trabalha em prol da inclusão da pessoa com deficiência na sociedade. Busca promover um novo olhar sobre a deficiência, através do atendimento especializado e da promoção à saúde. Em 1971, iniciou como uma APAE, e em 2012 modificou sua denominação para CAIS. Desde então, o Centro busca diversificar seu atendimento e atuar de forma mais intensiva na prevenção e intervenção precoce, bem como, na luta pela inclusão e pela preservação dos direitos das pessoas com deficiência.
Desde 1997, o Centro realiza um trabalho intenso na questão da inclusão ao mercado de trabalho, atuando na formação dessas pessoas e no acompanhamento de sua inclusão nas empresas, resultando em uma maior empregabilidade de jovens e adultos. Em 2005, o CAIS teve seu trabalho reconhecido pelo Ministério da Educação em prol da inclusão escolar, quando o Órgão publicou sua experiência como parâmetro para o atendimento educacional especializado de todo o país.
Na área clínica, a organização se destaca na prevenção e na intervenção precoce. Desde 2009 realiza o Programa Acompanhamento de Bebês (AB), cujo objetivo é atender, o mais cedo possível, bebês que saíram da UTI Neonatal a fim de prevenir algumas patologias e intervir precocemente para alcançar melhores resultados no desenvolvimento de cada criança. Esse programa foi a base da construção do programa PIPA, em Minas Gerais, que institui o follow- up para bebês de todo o Estado.
Endereço: Rua AJ, 171 – Conjunto Água Branca – Contagem/MG Telefone: (31) 3393-1988/ 3395-0700 Email: cais@cais.org.br